André Martelo
Membro da Comissão Política da Direcção Nacional da JCP

<font color=0093dd>A Juventude e a JCP<font>

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Digam o que dis­serem, es­crevam o que es­cre­verem. Pelo seu pro­jecto e ideal. Pela sua his­tória, pelo seu pre­sente e pelo seu fu­turo. Pelo sonho que trans­porta e cons­trói todos os dias. Este é o Par­tido da Ju­ven­tude. O Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês.

Também a ju­ven­tude anda há 36 anos a so­frer com a po­lí­tica de di­reita contra-re­vo­lu­ci­o­nária apli­cada pelos do cos­tume: PS, PSD e CDS.

Hoje com o pacto de agressão pro­curam: des­truir a Edu­cação, os di­reitos no Em­prego, o acesso à Cul­tura, ao Des­porto, à Ha­bi­tação, a par­ti­ci­pação no mo­vi­mento as­so­ci­a­tivo. Querem é des­truir tudo o que na al­tura a ju­ven­tude con­quistou com Abril.

Querem criar uma es­cola para ricos e uma es­cola para po­bres, fa­zendo cor­res­ponder as elites eco­nó­micas às elites do co­nhe­ci­mento.

Os custos para es­tudar au­mentam a olhos vistos. É euros prós li­vros, é euros pró passe do au­to­carro, é euros prás pro­pinas... É a es­cola para quem a pode pagar.

Querem em­purrar os fi­lhos dos tra­ba­lha­dores para cursos pro­fis­si­o­nais para mais tarde os tornar fa­cil­mente ex­plo­rá­veis e des­car­tá­veis. A falta de ver­gonha deles é tanta que já falam em pro­pinas no Se­cun­dário. Daqui di­zemos: nem mais um passo atrás na de­fesa da edu­cação gra­tuita e para todos!

O OE13 le­vará o caos às es­colas. Já hoje há turmas que ainda não têm pro­fes­sores, há salas que não chegam para os alunos de uma turma in­teira, há es­colas li­te­ral­mente a cair de podre e quase todas as can­tinas vendem co­mida sem qua­li­dade. Cor­taram os passes es­co­lares, são mi­lhares que não têm di­nheiro para os trans­portes que podem chegar a 180€ mês.

A ava­li­ação é cen­trada em mo­mentos pon­tuais em vez da ava­li­ação con­tínua, com exames desde o 4.º ano; criou-se a Em­presa Parque Es­colar que cobra rendas às es­colas, que rondam em média os 50 000€. Mais uma em­presa para mais tarde vender com lu­cros ga­ran­tidos, tal como a EDP.

Hoje a de­mo­cracia está em causa nas es­colas, acentua-se o ca­rácter pu­ni­tivo e au­to­ri­tário do sis­tema com o Es­ta­tuto do Aluno, sus­pender e ex­pulsar é hoje ainda mais fácil; o fim da gestão co­lec­tiva das es­colas e o sur­gi­mento dos Di­rec­tores levam à in­ge­rência na vida das As­so­ci­a­ções de Es­tu­dantes, con­di­ci­o­nando pro­cessos elei­to­rais, reu­niões ge­rais de alunos e di­fe­rentes formas de luta.

Mas os es­tu­dantes do Se­cun­dário sabem que vale a pena lutar, com per­sis­tência, em torno de ques­tões con­cretas de cada es­cola: con­quistou-se mais fun­ci­o­ná­rios, ca­cifos ou aque­ci­mento para vá­rias es­colas. A força dos es­tu­dantes em pro­testo adiou ainda o corte do passe!

Este ano lec­tivo, no dia 24 de Ou­tubro e no dia 22 de No­vembro, mi­lhares es­tu­dantes saíram uma vez mais às ruas de Norte a Sul do País!

Uma luta que também no en­sino pro­fis­si­onal vale a pena, uma luta que acabou com as pro­pinas, na Es­cola Pro­fis­si­onal de Ci­ên­cias Ge­o­grá­ficas.

Uma luta para con­ti­nuar contra as pro­pinas nas es­colas que as co­bram, os es­tá­gios não re­mu­ne­rados, o im­pe­di­mento de ac­ti­vi­dades as­so­ci­a­tivas por parte dos es­tu­dantes, os ata­ques à dig­ni­dade dos es­tu­dantes.

O En­sino Su­pe­rior a re­boque do pro­cesso de Bo­lonha tornou-se in­sus­ten­tável. As pro­pinas e os custos de frequência levam ao aban­dono de mi­lhares de es­tu­dantes. Cortam mi­lhares de bolsas e pri­va­tizam ou en­cerram os ser­viços. O re­gime de gestão das ins­ti­tui­ções põe fim à de­mo­cracia e abre as portas das es­colas aos grandes grupos eco­nó­micos, a pri­va­ti­zação é uma re­a­li­dade.

Os es­tu­dantes do Su­pe­rior sabem que vale a pena lutar e, apesar da ne­ces­si­dade de acabar o curso ra­pi­da­mente e a so­bre­carga de tra­ba­lhos e exi­gên­cias e ter que tra­ba­lhar para pagar os es­tudos, saíram também à rua aos mi­lhares nos úl­timos anos, tal como ficou de­mons­trado no pas­sado dia 22 de No­vembro. A luta vai con­ti­nuar em cada es­cola e nas ruas contra esta po­lí­tica e as suas con­sequên­cias es­pe­cí­ficas.

À ju­ven­tude que quer tra­ba­lhar com di­reitos esta po­lí­tica impõe a brutal ex­plo­ração, os baixos sa­lá­rios, os ho­rá­rios des­re­gu­lados, a pre­ca­ri­e­dade e o de­sem­prego.

A pre­ca­ri­e­dade é a an­te­câ­mara do de­sem­prego. Há con­tratos men­sais, se­ma­nais, diá­rios e até de horas. Abundam os ho­rá­rios ro­ta­tivos. A pressão e o medo de ser des­pe­dido são uma cons­tante.

O de­sem­prego ju­venil atinge o nú­mero brutal de 39%. Dois terços destes sem apoios so­ciais.

Novas ge­ra­ções de tra­ba­lha­dores com vida hi­po­te­cada, sem pos­si­bi­li­dade de se au­to­no­mi­zarem.

Muitas vezes a única a saída é a emi­gração for­çada. De Junho de 2011 a Junho de 2012 mais de 65 mil jo­vens aban­do­naram Por­tugal.

Vem o Go­verno dizer que o de­sem­prego e a emi­gração são «opor­tu­ni­dades» e que temos de «sair da nossa zona de con­forto». Haja ver­gonha! Que saiam eles do seu «con­forto» e deixem a ju­ven­tude tra­ba­lhar. A ju­ven­tude é a maior ri­queza do País e temos forças, cri­a­ti­vi­dade, co­nhe­ci­mento e somos uma ge­ração capaz de con­tri­buir para o de­sen­vol­vi­mento do País.

Essa força, essa de­ter­mi­nação e co­ragem dos jo­vens tra­ba­lha­dores ficou bem evi­dente nas lutas tra­vadas pela CGTP e pela In­ter­jovem, com grande ex­pressão nas ma­ni­fes­ta­ções de jo­vens tra­ba­lha­dores re­a­li­zadas no quadro do dia na­ci­onal da ju­ven­tude e com des­taque para a par­ti­ci­pação dos jo­vens na Greve Geral de 14 de No­vembro, muitos mi­lhares, muitos deles em si­tu­ação pre­cária, que com co­ragem en­fren­taram o medo e a pressão e fi­zeram greve, con­tri­buindo para esta his­tó­rica jor­nada de luta.

A Ju­ven­tude travou e trava uma dura e po­de­rosa luta, com os jo­vens co­mu­nistas e a JCP em todos os pro­cessos, in­se­ridos no mo­vi­mento ju­venil, li­gado aos pro­blemas e mo­bi­li­zando a ju­ven­tude. Um papel cen­tral da JCP com uma acção in­tensa e di­ver­si­fi­cada, de in­ter­venção nas es­colas, em­presas e ruas, de ini­ci­a­tiva como o con­curso de bandas ou o tor­neio de futsal, ini­ci­a­tiva po­lí­tica em torno dos as­suntos na­ci­o­nais ou ac­ções de grande de­mons­tração de so­li­da­ri­e­dade como a As­sem­bleia da Fe­de­ração Mun­dial da Ju­ven­tude De­mo­crá­tica que foi aco­lhida pela JCP, toda esta di­nâ­mica e luta não nos des­cansa, antes nos dá con­fi­ança para ir mais longe atrás das muitas po­ten­ci­a­li­dades que temos pela nossa frente. Par­tamos para as es­colas e lo­cais de tra­balho com a cer­teza que temos de ir mais longe com a uni­dade e luta da ju­ven­tude.

Como dizia o ma­ni­festo à ju­ven­tude apro­vado no 9.º con­gresso:

«Or­gu­lhamo-nos de per­tencer à or­ga­ni­zação re­vo­lu­ci­o­nária da ju­ven­tude por­tu­guesa, or­gu­lhamo-nos de viver a lutar, or­gu­lhamo-nos de par­ti­cipar na cons­trução do fu­turo e é com imensa ale­gria que o fa­zemos. Somos fe­lizes por viver e lutar porque a ale­gria de viver e lutar vem-nos da pro­funda con­vicção de que é justa, em­pol­gante e in­ven­cível a causa por que lu­tamos.»

E daqui da tri­buna do 19.º Con­gresso do Par­tido, or­gu­lhamo-nos de ser a or­ga­ni­zação de ju­ven­tude do PCP, deste par­tido único e in­subs­ti­tuível, onde a ju­ven­tude ao lado dos tra­ba­lha­dores teve, tem e terá um papel cen­tral na re­a­li­zação do sonho. Porque o sonho tem Par­tido. E esse Par­tido é o Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês.

In­ter­venção pro­fe­rida no XIX Con­gresso do PCP, re­a­li­zado em Al­mada de 30 de No­vembro a 2 de De­zembro.

 



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Manuel do Nascimento – escritor de emoções, de combate e de memória

Ma­nuel do Nas­ci­mento nasceu em Mon­chique a 27 de De­zembro de 1912 e fa­leceu em Lisboa a 30 de De­zembro de 1966. Homem de artes vá­rias: tra­ba­lhador das minas de Jales (Ma­nuel do Nas­ci­mento era Téc­nico Su­pe­rior de Minas), editor, jor­na­lista e es­critor.